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Nova classe média busca educação para não repetir as profissões dos pais

18/01/2012

A diarista Adeni Moura de Souza, 67 anos, está cumprindo à risca a sua promessa: diplomar todos os filhos.

Escrito por: Gabriel Caprioli e Rosana Hessel – Correio Braziliense

 Para ela, não havia por que os seis rebentos repetirem a dureza do seu dia a dia, ainda que o trabalho honesto lhe tivesse garantido o sustento da família. A mais velha da tropa, Ednaciônia, 44, prestará vestibular neste ano para um curso de gestão pública.

Desde menina, a sua prioridade foi ajudar a mãe a educar os irmãos. Nesse esforço conjunto, teve, muitas vezes, de pegar a vassoura e o balde para fazer limpeza em várias residências. Sabia, porém, que, cedo ou tarde, romperia com o destino de seguir a profissão da mãe.

Cioni, como gosta de ser chamada, é só alegria. A sua libertação começou a se desenhar há pouco mais de dois anos, quando retomou os estudos. Determinada, mergulhou nos livros e acabou aprovada em um concurso para merendeira na cidade de Santo Antônio do Descoberto, entorno do Distrito Federal. “Nunca é tarde para irmos atrás do que queremos. Agora, estou com mais tempo para estudar”, diz. A mãe ainda não dá a missão por cumprida. “Quero pendurar o diploma dela na parede. Será a realização de um sonho”, afirma Adeni.


Como Cioni e os irmãos, mais e mais jovens, sobretudo os da nova classe média, estão recorrendo à educação como caminho seguro para mudar muitas histórias que pareciam estar com o fim sacramentado. Os que não tiveram a sorte de conseguir uma vaga em universidades públicas e não têm renda suficiente para bancar as mensalidades recorrem a financiamentos bancários, certos de que, quando formados, ganharão o suficiente para honrar as dívidas.



Crédito
A maranhense Evarista Barbosa, 31 anos, não tem do que reclamar. Filha caçula de uma família com oito irmãos e natural de Paraibano — cidade situada a 503km da capital, São Luís —, ela mudou-se para o Distrito Federal aos 18 anos, depois de concluir o ensino médio. Embora tivesse a convicção de que passaria sem dificuldades pelo processo seletivo da Universidade de Brasília (UnB), foi obrigada a buscar uma faculdade particular.



 

Foto - Aos 44 anos, Cioni prestará vestibular, depois de anos como faxineira, ocupação com a qual a mãe, Adeni, educou os seis filhos

Até ingressar no curso de letras, Evarista teve que dar duro. Trabalhou por mais de um ano em duas empresas, sem descanso nos fins de semana. Mas juntou dinheiro necessário para bancar a matrícula e parte das mensalidades. O complemento necessário veio por meio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies), administrado pela Caixa Econômica Federal. Arcou com juros de 3,4% ao ano. “Mesmo com essa linha de crédito, não deixei de trabalhar. Tudo o que ganhava era para pagar a faculdade.”


Evarista foi a primeira pessoa em sua família a ter um diploma de terceiro grau. A determinação, conta, foi herdada da mãe, faxineira, e do pai, agricultor. “Éramos pobres e tivemos uma infância bastante difícil. Mas a prioridade sempre foi estudar”, afirma. O contato com a literatura veio quando, por volta dos cinco anos de idade, passou a acompanhar a mãe na rotina de limpar a única biblioteca da
cidade em que moravam. “Eu dizia que ia ajudá-la, mas, quando chegávamos lá, ela me mandava ler os livros. Acho que não desisti por ela e pelo meu pai”, diz. Formada em 2006 e trabalhando em uma seguradora, Evarista terá até 2018 para saldar o empréstimo com o Fies.



O analista de suportes Leandro Ribeiro, 30 anos, sabe muito bem o valor de um diploma. Aos 30 anos, o brasiliense ainda paga pelo estudo superior concluído há cinco anos. Sem condições de bancar integralmente a faculdade, ele também recorreu ao Fies para fazer o curso de sistemas de formação em uma universidade. As parcelas, de R$ 216 mensais, só acabarão em 2015. Mas, para ele, esse custo é o menor dos problemas. “Para quem quer se formar, ter um diploma universitário e um futuro melhor, os juros são o que menos importa”, assinala.



Mas é preciso ter muito cuidado com as dívidas. “Para fazer um financiamento, seja na Caixa ou em um banco privado, a pessoa tem que ser controlada. Sempre pensei: vou ter que pagar isso um dia ”, diz Leandro. No caso dele, a receita para bancar os estudos sem sufoco foi fazer uma poupança durante toda a faculdade.

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