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3ENDC: Luta contra a LGBTfobia e discriminação de gênero precisa da comunicação

29/05/2017

Painelistas destacaram que a mídia hegemônica ora invisibiliza, ora trata esses temas por uma perspectiva liberal, por isso é preciso fortalecer espaços alternativos de comunicação

Escrito por: FNDC

 

 

 

O papel dos meios de comunicação na luta por uma sociedade menos preconceituosa foi o tema do painel “A mídia e a luta contra a LGBTfobia e a discriminação de gênero”, parte da programação do 3º Encontro Nacional pelo Direito à Comunicação (3ENDC), que aconteceu no sábado (27/5), na Universidade de Brasília (UnB). Composto por Elen Geraldes, professora da Faculdade de Comunicação da UnB; Julian Rodrigues, ativista da Associação Nacional LGBTI; Charô Nunes, coordenadora do portal Blogueiras Negras; Olgamir Amância, decana de extensão da UnB  e Bruno Bimbi, escritor e ativista LGBT, o painel trouxe uma reflexão acerca dos desafios ainda enfrentados pelas mulheres e pela comunidade LGBT no que diz respeito à representação midiática, além de abordar temas como educação e a atual crise política.

 

Para Elen Geraldes, é necessário pensar as políticas públicas de comunicação a partir das vozes dos sujeitos que foram historicamente marginalizados, como as minorias de gênero, raça e orientação sexual. Por isso mesmo, a comunicação pública torna-se um importante espaço de denúncia dos preconceitos e de maior representatividade. Ela ressalta, no entanto, que esta foi a primeira área a ser atingida após o golpe que tirou Dilma Rousseff do poder em 2016, citando o desmonte da EBC e os ataques à liberdade de expressão cometidos pelo governo Temer.

 

Julian Rodrigues ressaltou o caráter machista do processo de impeachment sofrido pela ex-presidenta, trazendo uma reflexão sobre o papel que as opressões tiveram nesse processo político: “Esse tema não está descolado do momento político atual, porque o golpe contra Dilma teve um componente misógino, fascista, contra a classe trabalhadora, os gays, contra uma sociedade mais plural”. Desse modo, é importante pensar também no papel que os meios de comunicação exerceram durante esse processo, visto que grande a mídia constrói narrativas que influenciam fortemente nas opiniões da população, criando uma visão de mundo hegemônica.

 

Deve-se ressaltar, então, o papel dos veículos de comunicação tradicionais, que têm historicamente invisibilizado a luta das minorias enquanto se apropriam de causas sociais quando enxergam uma forma de lucrar com elas. É o caso da representação de gays e lésbicas brancos de classe alta nas telenovelas da Rede Globo, por exemplo, ou de programas que buscam falar sobre feminismo através de um viés liberal, como o popular ‘Amor e Sexo’, da mesma emissora. Por isso mesmo, destacou-se no painel a necessidade de criar espaços midiáticos feministas e LGBT que sejam alternativas a esses veículos, como o site Blogueiras Negras, que, como ressaltou Charô Nunes, representa as vozes de mais de 300 autoras negras a partir de um local de fala interseccional e feminista.

 

No entanto, mesmo com a disseminação de mídias alternativas principalmente através da internet, os grandes veículos constituem um campo de batalha onde as minorias sociais devem lutar por uma boa representatividade. Isso porque ainda são estes que conseguem atingir a maior parte da população brasileira através de canais de televisão e estações de rádio. Bruno Bimbi citou, por exemplo, o papel dos grandes veículos de comunicação na luta pelo casamento igualitário na Argentina, que foi legalizado após ganhar mais destaque positivo nos grandes jornais. Assim, é importante lutar por uma representatividade maior nos grandes veículos levando em consideração sempre que esses priorizam o lucro e a manutenção do status quo.

 

Outro ponto levantado foi o papel das instituições de ensino no enfrentamento a essas opressões, visto que a educação pode ser utilizada de modo a reforçar estereótipos nocivos de raça, gênero e sexualidade, ou pode buscar desconstruí-los. Segundo Olgamir Amância, o papel das universidades e demais instituições, então, é trazer esse debate e buscar refletir acerca de uma sociedade mais igualitária. A educação alinhada à comunicação é, portanto, uma importante ferramenta no combate às opressões.

 

A luta pela democracia e pela democratização da comunicação torna-se necessária, portanto, para que se possa construir uma sociedade mais igualitária. Através da criação de políticas de comunicação pensadas com um viés interseccional será possível construir uma mídia com maior representatividade que amplie as vozes dos sujeitos oprimidos.

 

 

Escrito por: Isabela Graton, especial para o FNDC. Fotos: Mídia Ninja

 

 

 

 

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