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CNTSS/CUT: lideranças discutem desdobramentos da pesquisa da ISP sobre “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas”

31/08/2020

Confederação é uma das entidades parceiras da ISP na elaboração e condução da pesquisa; resultados destacaram falta de equipamentos, insumos e sofrimento psíquico dos trabalhadores da saúde

Escrito por: Assessoria de Imprensa da CNTSS/CUT

 

A CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, por meio de seus dirigentes e de seus sindicatos filiados, participou na terça-feira, 26 de agosto, do Seminário da ISP – Internacional do Serviço Público sobre os resultados da Campanha “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas”. A Confederação é uma das entidades parceiras da ISP na elaboração e condução da campanha que teve como objetivo principal descrever as condições de trabalho precário e suas consequências na saúde psíquica dos trabalhadores da saúde que atuam no enfrentamento da Covid-19 e demais categorias consideras essenciais. Os dados colhidos se materializaram em um relatório analítico e uma Carta Aberta sob o título “Proteger para salvar - o futuro do trabalho na saúde e serviços essenciais” apresentados às lideranças para discussão no Seminário.

 

A campanha, que aconteceu durante o período de 31 de março a 15 de junho, foi a versão nacional do projeto mundial da ISP. A iniciativa brasileira teve como um diferencial a incorporação de um questionário on line que auxiliou no diagnóstico da realidade vivida pelos profissionais essenciais, com destaque os da saúde, neste momento recente da pandemia. Além da área da saúde, o projeto envolveu inúmeras entidades representativas dos trabalhadores que atuam nos serviços essenciais, como assistência social, educação, segurança pública, sistema prisional, judiciário, asseio e conservação, limpeza pública, coleta de resíduos sólidos, funerárias e cemitérios, água e saneamento, energia e o setor de tributação.

 

O projeto da ISP somou-se a outras iniciativas realizadas pela Confederação junto aos seus Sindicatos e Federações voltados a ter uma radiografia das condições de trabalho nos primeiros momentos do combate à pandemia em nosso país. Naquele momento inicial já havia sinais, por exemplo, da falta de estrutura para atendimento, das inadequações físicas que garantissem o distanciamento físico necessário, falta e má qualidade de EPIs e EPCs - equipamentos de proteção individuais e coletivos, falta de insumos, a explosão do atendimento que levaria ao colapso das redes de saúde por todo o país. Um sinal de alerta que, infelizmente, depois se configurou em fortíssima crise sanitária no país.

 

O importante trabalho realizado pela pesquisa, que contou com a expressiva colaboração de 3.636 participantes, trouxe relevantes elementos que auxiliaram a ampliar o diagnóstico sobre as condições de trabalho nas redes de saúde. Todas estas iniciativas se transformaram em ferramentas para a ação permanente da Confederação em defesa dos trabalhadores de diversas categorias, do SUS – Sistema Único de Saúde e da qualidade do atendimento prestado à população. A campanha deixou evidente que o impacto maior se deu sobre os trabalhadores da saúde, tanto pela falta quase completa de estrutura adequada para o trabalho, como pela ausência de capacitação para atuarem no combate a pandemia, que, além da tragédia do número de contaminados e óbitos, trouxe evidências de casos de adoecimento psíquico e de sequelados.

 

Ao longo destes meses de pandemia a Confederação e suas entidades vêm denunciando a precarização dos sistemas de saúde que colocam em risco os trabalhadores, suas famílias e o pacientes. Além do acompanhamento nos locais de trabalho, a utilização da Justiça e do Ministério Público do Trabalho fez com que muitas vitórias fossem conquistadas. As valorizações do SUS e de seus profissionais foram expressas na campanha “Eu sou o SUS”, criada pela Confederação. Recentemente nova campanha idealizada pelo Sintsaúde RJ e levada pela CNTSS/CUT e seus demais sindicatos da Saúde fez menção à derrubada do veto de Bolsonaro que proibia o reajuste de salários da saúde até 2021. Uma sequência de lives para discutir Saúde, Assistência e Previdência Social destacaram os desafios destes trabalhadores no período da pandemia.

 

Durante todo o período em que a campanha “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas” aconteceu foi possível agregar informações preciosas. Muitas denúncias foram feitas a partir dos dados colhidos e reverberaram na mídia nacional e internacional. Os elementos tornaram-se subsídios eficazes para a cobrança feita aos gestores públicos e ao setor privado. Em 30 de julho, a Confederação reuniu seus dirigentes para avaliar os possíveis desdobramentos da Campanha. As contribuições da CNTSS/CUT e demais entidades ajudaram a estruturar a Carta Aberta e apontar para novos caminhos a serem percorridos. Segue abaixo um pouco deste intenso trabalho.

 

 

Campanha “Trabalhadoras e Trabalhadores Protegidos Salvam Vidas”

 

Perfil dos participantes - Do total de relatórios respondidos, 3.636, foi possível traçar um perfil dos participantes: 75% foram respondidos por mulheres (2.713); 84% foram profissionais da saúde (3.056); a faixa etária que mais contribuiu concentrou-se entre 30 a 49 anos, num total de 68% dos entrevistados (2.410); a grande maioria composta por servidores públicos (64% ou 2.327 trabalhadores), seguida por profissionais com carteira assinada (27% ou 982 trabalhadores). Quanto à região do país em que atua, a maioria dos participantes (55%) é do Sudeste, Nordeste 27%, Sul 9%, Centro-oeste 7% e Norte 2%. Sobre a jornada de trabalhado destes profissionais 36% (1.321) cumprem 36 horas, 30% (1.095) faz seis horas, 24% (871) trabalham 12 horas e 10% (349) mais de 12 horas diárias.

 

Perguntados sobre o meio de transporte usado para ir ao trabalho, 52,5% (1.909) vão de carro próprio, transporte público 20,8% (756), a pé 11,5% (419), taxi e aplicativo 3,6% (132) e outros meios 11,6% (420). Quanto ao local de trabalho, 36,8% (1.337) responderam como outros; 28,2% (1.025) estão na Atenção Básica, e 35% (1.274) em Alta Complexidade. Referente à área de atuação: 28,3% (1.028) são enfermeiros, 11,9% (434) técnicos de enfermagem, 10% (363) agentes de combate às endemias; 7,6% (278) assistentes sociais, 4,9% (177) agentes comunitários de saúde, as demais categorias tiveram índices menores.

 

Condições de Trabalho - Foi informado por 63% dos participantes que a quantidade de EPIs não é suficiente. Entre os agentes de combate às endemias este percentual atinge 87,2%; agentes comunitários de saúde 86,3%, terapeuta ocupacional 77,8%, auxiliar de enfermagem 72,1%, técnico de enfermagem 70,7%, assistente social 69,3%, médico 66,2%. As demais categorias tiveram índices menores, porém sempre acima de 42%. Quando abordam os EPIs fornecidos por locais de trabalho, temos: na Atenção Básica 67,2% acham insuficientes; na Alta Complexidade este índice é de 56,3% e nas demais funções o indicador é de 60,9%. Esta insuficiência também é avaliada por jornada de trabalho: seis horas 55,35% acham insuficiente; oito horas 56,6%, doze horas 59,3% e acima de 12 horas vai para 73,3%.

 

Falta de capacitação -Outro ponto detectado pelas respostas foi a falta de capacitação para que os profissionais pudessem exercer suas funções com segurança neste momento inteiramente novo de pandemia por Covid-19.  69.6% dos trabalhadores da saúde não tiveram capacitação adequada. Os profissionais essenciais, num total de 77%, também disseram que não tiveram. Sobre oferecimento de hospedagem como alternativa para não contaminação de familiares, 94% não tiveram esta oportunidade, 4% tiveram e 2% deixaram em branco a resposta.

 

Sofrimento psíquico - Outro quadro bastante grave tem a ver com o sofrimento psíquico destes profissionais. 54% dos participantes dizem ter sofrimento desta natureza. Comparado com as jornadas de trabalho fica claro que o aumento de horas amplia o sofrimento: até seis horas 50,32% disseram que sim, oito horas 54,17%, doze horas 57,89% e mais de doze horas 63,58%. Há ainda a influencia por local de trabalho. Responderam que sentem este sofrimento 59,2% dos que trabalham em Alta Complexidade, 53,85% na Atenção Básica e 52,4% os que exercem outras funções. Os principais sentimentos detectados na pergunta aberta sobre este tema foram: ansiedade, medo, estresse, pressão, pânico, cansaço, assédio, angústia, depressão, tristeza, insegurança, insônia. Detectou-se ainda uma forte relação de sofrimento causado por falta de EPIs.

 

Recorte de Gênero - Os questionários apontaram um número maior de participantes mulheres. Nos profissionais da Alta Complexidade, 83,19% foram mulheres, na Atenção Básica atingiu 79,74% e em outras atividades 71,43%.  Sobre EPIs, 67,2% das mulheres da área da Atenção Básica consideraram insuficientes, 56,35% da Alta Complexidade e 60,9% de trabalhadoras de outras áreas. Entre as mulheres percebeu-se que o sofrimento psíquico é maior, pois atingiu 57,1% dos participantes. Os principais sentimentos detectados na pergunta aberta sobre este tema foram: falta de EPI aparece com grande destaque, máscara, risco, contato com paciente, profissional da casa, Covid, Hospital, proteção, pandemia, treinamento.

 

Algumas conclusões:

 

De acordo com a síntese feita sobre os resultados foi possível detectar que: os trabalhadores estão desprotegidos pela falta de EPIs básicos, quadro ainda mais grave na área de Alta Complexidade; há um indicador grave que os profissionais com mais de 60 anos, considerados grupo de risco, estão ainda mais desprotegidos; e que os profissionais da Alta Complexidade que atuam com a maior carga horária, 12 horas diárias ou mais, estão mais desprotegidos. Constatou-se a falta de capacitação e treinamento. Em cada três trabalhadores, dois confirmam não ter recebido qualquer tipo de qualificação sobre protocolos, procedimentos, utilização de equipamentos e insumos, entre outros.

 

Com referência às mulheres, ficou detectado que representam mais de 80% da força de trabalho na Alta Complexidade. As questões abertas apresentadas no questionário “mostraram que muitas, por serem chefes de família e cuidadoras de familiares idosos, temem a contaminação, uma vez que as empresas/organizações não oferecem hospedagem. Todo esse contexto leva ao sofrimento psíquico de 54% das participantes.

 

O diagnóstico apontou ainda as seguintes medidas emergenciais: “regularização do fornecimento de EPIs, gestão da carga horária de trabalho e apoio psicológico. Ações estruturais para melhoria das condições de trabalho, entre elas, políticas de valorização e reconhecimento, de representação, de humanização e de gestão do trabalho”. 

 

Clique aqui e veja a Carta Aberta:

 

Assista a íntegra do Seminário:

https://www.facebook.com/ispinteramerica/videos/224145445706176

 

 

José Carlos Araújo

Assessoria de Imprensa da CNTSS/CUT

 

 

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