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Vida não tem preço, mas alguém sempre paga a conta

Escrito po: Imprensa CNTSS

16/12/2010

•Celia Regina Costa – Secretária de Mulheres da CNTSS

Nestes últimos dias o país se comoveu com mais uma tragédia na área da saúde. Stephanie dos Santos Teixeira, de 12 anos, internada com dores abdominais, diarréia e vômito na sexta-feira, dia 3, morreu na madrugada seguinte. A causa da morte, no Hospital Municipal São Luiz Gonzaga,em São Paulo Capital, ocorreu pela troca de soro fisiológico por vaselina na veia no tratamento da jovem.

A morte dessa jovem faz parte de centenas de casos que vem ocorrendo pelo modelo de gestão que vendo praticado nos hospitais do Estado e na cidade de São Paulo. Quando o governo estadual e municipal resolvem construir mais unidades hospitalares e assumem não ter capacidade de gerenciamento e usam todos os meios de responsabilidade fiscal para entregar esta gestão paras as OSs ( Organizações Sociais) como por exemplo, Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Santa Marcelina, Santa Catarina, Santa Casa de São Paulo, entre outras, para quem fica a fiscalização dessas parcerias?

Quando o governo entrega a gestão para essas instituições, elas tem um contrato como o município ou com o governo do estado que engloba desde os procedimentos, números de profissionais, estrutura e equipamentos. De quem é a responsabilidade?

Esta jovem Stephanie poderia estar viva hoje se não fosse a irresponsabilidade tanto do Prefeito, como do Secretário Municipal de Saúde, que não fiscalizou devidamente. Como pode um hospital de emergência como é o Hospital São Luiz Gonzaga não ter uma ambulância de plantão para transportar pacientes para unidades mais capacitadas, com , por exemplo, uma UTI mais equipada?

Essa menina ficou 8 horas esperando a chegada de uma ambulância. E, no entanto ela foi atendida pelo SAMU que é utilizada para outras necessidades da população, como acidentes, ataques do coração, tentativas de suicídio, entre outras emergências. O SAMU entrou no Hospital não para levar um paciente, mas sim para transportar a jovem após esperar oito horas sem uma ambulância, que faz parte do contrato de responsabilidade de gestão daquele hospital, de convenio da Santa Casa.

Neste momento estamos falando da Stephanie, mas e o menino que foi operado em um Hospital de Santo Amaro de hérnia em vez de fimose por um ótimo cirurgião que também opera no Hospital Albert Einstein, que administra este hospital. O que aconteceu? Foi distração?

Estamos falando do que? Na realidade temos um monte de pacientes e poucos profissionais para atender essa demanda, e acabam sendo tratados como saúde de pobre para pobre. Essa é a lógica do setor privado, lucro , somente lucro.

Como pode essa auxiliar de enfermagem, Kátia Aragaki, pagar pelo preço da vida da Stephanie quando o responsável é o prefeito de São Paulo que permite esse tipo de gestão que estamos vendo ser aplicada cada vez mais em vários estados do país.

Saiu esta semana no jornal o Estado de São Paulo uma matéria falando do enorme déficit que existe no setor da Saúde do Estado de São Paulo justificando o modelo de gestão que vêm sendo adotado. Aí fica a questão para refletir : quem vai processar o prefeito? Quem vai processar a Santa Casa de São Paulo? Então o que fica sendo divulgado na mídia e gerando opinião pública é o erro da auxiliar de enfermagem. Não estou isentando-a de responsabilidade, mas ela é somente a ponta do iceberg. A responsabilidade do governo da entregar a saude nas mãos das Organizações Sociais dizendo que elas estão capacitadas e não terem nenhum tipo de fiscalização.

Por mais que se encontrem culpados, não dá para restituir uma vida, o que precisamos é assumir melhor a responsabilidade de cada um para que outras vidas sejam poupadas.


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