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Desafios no mercado de trabalho

Escrito po:

04/11/2011

Severino Almeida* no Correio Braziliense

 Mais de 18 milhões de brasileiros ingressarão no mercado nas próximas duas décadas, prevê a Organização Mundial do Trabalho (OIT). A cada ano, quase 3 milhões de pessoas dão início a novas atividades profissionais no país, seja no primeiro emprego ou em nova ocupação, um contingente expressivo, formado na sua maioria por jovens que enfrentam um ambiente cada vez mais dinâmico e complexo.

As habilidades e o conhecimento exigidos para o ingresso e o adequado desempenho em um posto de trabalho neste "novo mundo", repleto de inovações tecnológicas e sujeito a intensivas mudanças de paradigmas, são a cada dia maiores, exigindo não apenas boa capacitação inicial como um permanente e árduo aprimoramento.

Os desafios que se impõem às novas gerações que saem das escolas, dos cursos profissionalizantes e de nossas universidades são gigantescos. Por óbvio esses desafios embutem um esforço adicional na busca de um parâmetro de formação acadêmica ou de conhecimento técnico equiparável ao que há de melhor no mundo, tendo em vista que hoje a competição não se dá apenas num mercado interno, restrito, mas inexoravelmente globalizado.

Para se ter ideia da magnitude desse "intercâmbio" internacional de trabalhadores engendrado pela globalização, basta dizer que nos últimos cinco anos o número de estrangeiros autorizados a trabalhar no Brasil aumentou 140%. Somente no primeiro semestre deste ano, 26,5 mil estrangeiros obtiveram licença do Ministério do Trabalho para atuar aqui - índice 19,4% superior às autorizações de 2010 e 143% maior do que igual período de 2006.

Está claro que é dever do Estado brasileiro - dever em relação ao qual a sociedade deve estar atenta - envidar todos os esforços na promoção de um sistema de educação compatível com esses desafios, garantindo ao jovem estudante e trabalhador brasileiro igualdade de condições para competir num mercado de trabalho internacionalizado.

A pergunta óbvia é: nosso sistema de ensino, desde a educação básica, passando pela rede de escolas técnicas e profissionalizantes, até nossos cursos superiores, está hoje adequadamente instrumentalizado para cumprir a missão? Com honrosas exceções, sabemos que não, o que nos coloca em evidente desvantagem com os trabalhadores de países desenvolvidos na disputa dos melhores postos e dos melhores salários.

Se esse handicap resultante de uma formação deficiente pode nos colocar (ao menos em alguns segmentos econômicos e em algumas profissões) em desvantagem na competição direta com "cidadãos globalizados" formados no mundo desenvolvido, em particular nos países europeus, no Japão e na América do Norte, enfrentamos ainda uma outra competição desleal, dentro de nosso próprio território.

Refiro-me neste caso ao ingresso, no Brasil, no bojo da migração internacional de mão de obra que ora presenciamos, de legiões de trabalhadores de escassa ou nenhuma qualificação, oriundos de países em desenvolvimento nos quais é precária a proteção legal ao trabalho. Aceitando condições de trabalho às vezes desumanas e salários incompatíveis com o grau de responsabilidade que lhes é atribuído, esses estrangeiros de baixa qualificação podem colocar em risco setores estratégicos, como os segmentos de navegação e apoio marítimo à atividade petrolífera.

O esforço, portanto, deve se dar em duas frentes. De um lado, aperfeiçoar a formação e a capacitação de nossos jovens. Nesse sentido, honra-me presidir uma entidade que mantém um centro de treinamento e qualificação no segmento marítimo que é reconhecido internacionalmente, o que significa que a sociedade - indivíduos, empresas, entidades - não deve esperar que o Estado faça tudo sozinho.

Por seu lado, temos ainda o dever de zelar para que, nessa luta pelo mercado de trabalho, nossos jovens, ainda que capacitados e qualificados - como os são aqueles que
atuam no segmento marítimo, dada a excelência das escolas que lhes formam - não percam espaço para profissionais estrangeiros de escassa qualificação.

Afinal, se estamos exigindo maior rigor na formação de brasileiros, não faria sentido nem seria justo permitir o ingresso de trabalhadores estrangeiros de baixo padrão - sobretudo em áreas estratégicas para a nossa economia. Ainda mais se considerarmos que o índice de desemprego em nosso país, na casa dos 10% da população economicamente ativa, já é bastante elevado.

(*) Presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar) e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aquaviários e Aéreos, na Pesca e nos Portos (Conttmaf)

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