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Pedra no sapato

Escrito po: Artur Henrique, presidente nacional

02/07/2012

Presidente da CUT comenta a relação da Central com o governo Lula. Publicado em O Globo do dia 2 de julho

Uma parte da imprensa teima em dizer que os movimentos sociais teriam sido amestrados durante o governo Lula. O Globo, recentemente, foi além e associou essa pretensa subordinação – e uma hipotética “paz” de que teria desfrutado o ex-presidente – ao repasse de verbas federais para entidades que integram o movimento social.

Vamos analisar alguns dados em relação à CUT. Segundo o Sistema de Acompanhamento de Greves do Dieese, nossa Central realizou durante os oitos anos de Lula quase o dobro do número de greves no serviço público federal do que realizou durante o período FHC.

Incluindo funcionalismo federal e as estatais, os trabalhadores públicos da União, entre 2003 e 2010, realizaram 248 greves para pressionar o governo Lula a abrir negociações, aumentar salários e iniciar a reestruturação dos planos de cargos e carreiras. Já entre 1995 e 2002, foram 133 greves. A CUT representa 90% de todos os sindicatos do setor.

Esses dados desmentem de uma vez por todas o mito de que a CUT teria aliviado a pressão sobre Lula. Sabemos dividir o papel de uma central, de um partido, de um governo. O nosso é de defender os direitos e anseios dos trabalhadores e trabalhadoras – o que inclui saber construir propostas, dialogar e, também, mobilizar e fazer greve quando preciso.

A diferença fundamental entre FHC e Lula, e que explica inclusive a diferença do número de greves num período e noutro, é que Lula, ex-sindicalista, fundador da CUT, sempre soube que para obter crescimento econômico e iniciar um processo de redistribuição de renda seria preciso dialogar com o movimento social. Seu governo não foi exemplar nesse quesito, tanto que muitas vezes, por exemplo, foi preciso recorrer à greve no serviço federal para que as negociações fossem realizadas.

Porém, ao considerar reivindicações como a valorização do salário mínimo e o papel do Estado como indutor do crescimento – algo que FHC desprezou – o período Lula ativou o crescimento da economia, gerando um cenário mais favorável a novas reivindicações. Também não houve repressões ao movimento sindical como no período anterior, cujo caso mais emblemático foi a batalha contra os grevistas da Petrobrás, em 1995 – greve que ajudou a impedir a privatização da estatal.

Dizer que os movimentos sociais propiciaram paz para Lula é uma piada de mau gosto. Pressionamos através de greves, mobilizações e ocupações de terra (quando não ignoradas, deturpadas por grande parte da mídia). E o fizemos por acreditar que a pressão serve para avançar nas conquistas sociais.

Por fim, lembro que os repasses de verbas do governo Lula para o movimento sindical foi muito menor do que no período FHC. Este, ávido por terceirizar o serviço público, transferia verbas do FAT para que as centrais cuidassem da tarefa de recolocação profissional – o que gerou os famosos (e enganosos) balcões de emprego. Por pressão da CUT, essa conexão foi desfeita no início do governo Lula, e a recolocação e qualificação profissional voltaram à esfera do poder público.

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