CNTSS/CUT na luta contra a discriminação racial

O 6º Congresso Nacional da CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, realizado em maio de 2013, foi um momento de grande significado para a organização das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do Ramo da Seguridade Social. Naquele momento, entre as tantas decisões importantes tomadas, uma delas é de grande valor por colocar em lugar de destaque a luta dos negros e negras por uma sociedade sem preconceito e sem racismo. Foi naquele encontro que contou com a participação de lideranças de todo o país que ficou definida a criação da Secretaria de Combate ao Racismo da CNTSS/CUT.

Criada a partir do acúmulo de ações realizadas no cotidiano de nossas lutas na Confederação, a Secretaria surge como uma resposta às demandas existentes e, ao mesmo tempo, com um caráter inovador e questionador. Peço que me permitam falar do orgulho que tive em ser escolhido para ser o responsável pela pasta. Também não posso esquecer de mencionar o sentimento de estar assumindo um grande desafio que é o de atuar em nome de uma luta que não é só de negros e negras, mas de toda a sociedade que pretende ser mais justa, igualitária e liberta dos preconceitos e do racismo.

Desde então, encaminhamos alguns passos para a incorporação e ampliação desta luta no cotidiano de nossa Confederação. Atualmente, fazemos parte da CISPN – Comissão Intersetorial de Saúde da População Negra. A Comissão exerce um papel importante junto ao CNS – Conselho Nacional de Saúde por oferecer informações e subsídios sobre a temática da população negra por conta das discussões realizadas pelas entidades que a compõem.

É este grupo que também acompanha a implementação da PNSIPN - Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. As discussões têm sido bem proveitosas e nos permite colaborar de forma efetiva com as políticas e programas pensados pelo Ministério da Saúde. A Comissão também colabora com os demais espaços de controle social no monitoramento das ações e recursos destinados a essa população. Procuramos criar sinergia nas ações nestas várias esferas de discussões.

Foi também neste período que ampliamos o diálogo com a Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT, o que permitiu uma parceria que desdobrou-se na criação da Campanha “Basta de Racismo no Trabalho e na Vida”. Lançada oficialmente durante a 14ª Plenária Nacional da CUT, em julho deste ano, a campanha conta com a contribuição de outras Confederações Cutistas.

Esta campanha teve um novo momento com o lançamento da Revista da CUT Nacional sobre o combate ao preconceito e ao racismo em nossa sociedade. A publicação, que tem o mesmo nome da Campanha, traz uma linha editorial variada, que vai deste a recuperação de nomes de grandes vultos da luta da população negra até a discussão de temas atuais, como a entrevista com o goleiro Aranha, do Santos Futebol Clube, que fala sobre o episódio que foi vítima de preconceito racial recentemente.

A proposta é que esta publicação circule e incentive a discussão sobre a questão racial não só no espaço do trabalho, o que já é de grande significado, mas que possa ser levada para o diálogo com a sociedade. Como bem citou o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas, no lançamento da revista, que destacou ser preciso discutir e combater todas as formas de preconceito em nossa sociedade, mas a questão racial merece um olhar mais atento e eficaz.

A CNTSS/CUT está preocupada com esta questão. Vamos trazer este debate para dentro da Confederação com o lançamento da Campanha “Basta de Racismo no Trabalho e na Vida” durante a nossa 6ª Plenária Estatutária, que acontece agora no final de novembro.  Um fato que tenho certeza será um marco dentro das discussões que estamos realizando sobre o combate ao preconceito e ao racismo. Estou bem esperançoso com esta proposta que nos dará subsídios para o nosso trabalho em nossos sindicatos e na sociedade.

Outro bom momento vivido pela Confederação foi a indicação para compor a Direção do INSPIR – Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial. A nossa escolha foi confirmada durante o seminário de formação para debater e enfrentar o racismo no trabalho, que aconteceu nos dias 11 e 12 de novembro, na cidade de São Paulo. 

Os trabalhadores são representados no INSPIR por meio de três Centrais Sindicais brasileiras, sendo a CUT uma delas, e por duas Centrais norte-americanas. A nova direção do Instituto foi escolhida para o mandato de 2015 a 2017. Criado em 1995, o Instituto tem realizado ações voltadas à discussão sobre a questão racial dentro do mundo do trabalho. Com certeza, será um espaço onde poderemos colaborar e que também nos auxiliará nas lutas em nossos espaços de trabalho.

São notícias boas para compartilhar dentro deste mês de novembro que é considerado o mês da consciência negra. Temos muito o que comemorar em nossos espaços de luta. Mas sabemos que ainda há muito a ser feito. A CNTSS/CUT demonstra que está atenta a esta demanda da classe trabalhadora e da sociedade. Devemos discutir o mercado do trabalho dentro da perspectiva da inclusão social e do combate à toda forma de discriminação e preconceito. E, neste sentido, todos sabemos que, infelizmente, a população negra é a maior vítima deste processo histórico.

Robson de Góes é secretário de Combate ao Racismo da CNTSS/CUT – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social