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21 de Março - Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial

Escrito po: Maria Julia Reis Nogueira e Rosana de Sousa Fernandes

07/05/2018

Precisamos desconstruir os discursos racistas e realmente criar condições para uma reparação total e verdadeira aos negros e negras

 

“Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! (...) Mas é infâmia demais! … Da etérea plaga. Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!”

Castro Alves (Navio Negreiro)

 

O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e celebra-se em 21 de março em referência ao Massacre de Sharpeville, em Joanesburgo, na África do Sul, onde 20.000 pessoas faziam um protesto contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permitida sua circulação.

 

Porém, mesmo tratando-se de uma manifestação pacífica, a polícia do regime de apartheid abriu fogo sobre a multidão desarmada resultando em 69 mortos e 186 feridos.

 

O poema 'Navio Negreiro', de Castro Alves, mostra a situação dos africanos arrancados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais. No entanto, sempre houve luta e resistência para que essa chaga fosse eliminada. A escravidão foi abolida do mundo, porém as pessoas ainda não deixaram de ser julgadas pela cor da pele.

 

Além de lembrar a tragédia, a data criada pela ONU passou a ser um dia em que pessoas em todo o mundo protestam contra o racismo e pelo fim da discriminação racial.

 

Aqui no Brasil este ano de 2018 completaremos 130 anos de abolição formal da escravidão. São 130 anos de algumas mudanças, mas de várias e vergonhosas permanências. A população brasileira alcança os 200 milhões de habitantes e os negros representam mais de 52% desse total, mas ainda não conquistamos uma cidadania plena no que diz respeito a condições de vida e de cidadania na sociedade. A sociedade brasileira segue com essa dívida histórica para com a população negra.

 

Negros e negras sofrem com ataques racistas há gerações. Diariamente somos agredidos pelo Estado. Somos maioria no país e, em disparada, a maior população carcerária. Somos vítimas de genocídio, vivemos em favelas e periferias em condições subumanas. O acesso ao serviço público é ruim. A falácia da democracia racial sempre foi um instrumento para que negros e negras não reclamassem seus direitos.

 

Apesar de todo o nosso arcabouço jurídico para punir casos de racismo, quando alguém é flagrado em um ato de racismo as desculpas estão sempre na ponta da língua, transformando o agressor em vítima e a vítima de racismo em um ser vitimista e impiedoso.

 

Somente nos últimos dois meses nos deparamos com fatos estarrecedores de racismo que não tiveram punição:

 

  • A tentativa de desqualificação da biografia da vereadora Marielle que foi brutalmente executada.
  • Um fotógrafo não foi contratado por ser negro.
  • Uma festa de 15 anos com pessoas negras fazendo papel de escravos.
  • Aluno da FGV envia em grupo de whatsapp uma foto de um aluno negro chamando-o de escravo.
  • Professor do Instituto Federal declara que odeia pretos e pardos.
  • Mãe negra impede censura a livro de cultura africana no Sesi.

 

Vemos que em tempos de redes sociais o racismo se exacerba e as pessoas perdem a compostura. Elas se escondem atrás de uma tela e atacam publicamente outras pessoas pela cor da sua pele. O racismo é uma chaga revestida de ódio, intolerância e preconceito.

 

Precisamos desconstruir os discursos racistas e realmente criar condições para uma reparação total e verdadeira aos negros e negras. Além disso, é importante romper com a lógica que determina o lugar dos seres humanos na sociedade pela cor da pele. 

 

Convidamos a todos para que nesse dia 21 de março possamos refletir sobre todas as atitudes preconceituosas e racistas que presenciamos e que precisamos combater.

 

Nós da CUT continuamos lutando contra toda forma de violência e discriminação racial, por uma sociedade mais justa e igualitária, com oportunidades e direitos para todos.

 

 

 

Maria Julia Reis Nogueira e Rosana de Sousa Fernandes, respectivamente secretária Nacional de Combate ao Racismo da CUT - Central Única dos Trabalhadores e secretária Nacional Adjunta de Combate ao Racismo da CUT

 

 

 

 

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