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Os novos retirantes de uma década de prosperidade

22/07/2011

Escrito por: Valor Econômico

Valor Econômico

Divulgada no fim de semana passado, a pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz boas notícias, num ambiente contaminado por denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes.
Denominada "Reflexões sobre os Deslocamentos Populacionais no Brasil", a pesquisa do instituto, em primeiro lugar, confirma uma tendência: reduziu-se o deslocamento populacional no país, mais provavelmente devido à desconcentração do crescimento econômico.

Trata-se de uma explicação forte, quando se constata que foram as cidades médias, localizadas ao longo das rodovias, aquelas que ganharam mais habitantes. Em contrapartida, em Estados como São Paulo e Rio de Janeiro mudaram de perfil, passando a exportar mais que importar habitantes de outras regiões como o Nordeste.

Os números do IBGE não deixam margem a dúvidas. No fim do século passado, o Censo 2000 registrou que 5,1 milhões de pessoas migraram de um Estado para o outro nos cinco anos anteriores à pesquisa. Em 2004, a PNAD contabilizou 4,63 milhões de migrantes, número que caiu para 3,24 milhões em 2009.

Na prática, cerca de 1,8 milhão de pessoas a menos trocaram de Estado, em nove anos, em busca de trabalho, fugindo da violência das grandes cidades ou simplesmente por razões climáticas, como as secas nordestinas, que no passado longínquo eram responsáveis por deslocamentos humanos bíblicos, como Portinari imortalizou em sua tela os "Retirantes", de 1944.

Em termos percentuais, nesse período, a queda no número de pessoas que mudaram de Estado é de 37,5%, de acordo com o trabalho organizado pelos pesquisadores Luiz Antonio Pinto de Oliveira e Antônio Tadeu de Oliveira, cuja íntegra pode ser acessada no site do IBGE na internet. Os novos polos de atração passaram a ser as médias cidades.

A mudança nos fluxos migratórios é uma tendência inicialmente detectada pelo Censo Demográfico 1991. Já então os pesquisadores do instituto apontavam "algumas transformações no comportamento dos fluxos que antes predominavam no Brasil, como o arrefecimento das migrações do Nordeste para o Sudeste e algumas reversões nos saldos migratórios das Unidades da Federação".

Evidentemente que as transformações econômicas contribuíram de maneira importante para a mudança da dinâmica migratória. As pessoas atualmente percorrem distâncias mais curtas, dentro da mesma região, em vez de trocar de Estado. Veja-se o caso de São Paulo: em 2000 havia 340 mil imigrantes a mais que paulistas que partiram para fixar moradia em outros Estados. Em 2004, havia 155 mil emigrantes a mais - muitos deles imigrantes que voltaram a seu lugar de origem.

A última década, de acordo com a fotografia do IBGE, registra que as cidades médias, especialmente aquelas localizadas ao longo de rodovias, ganharam mais habitantes do que as capitais das nove regiões metropolitanas, que no passado alavancavam o avanço populacional. Os municípios com 500 mil habitantes ou mais aumentaram em quantidade quando comparados com o ano de 2000, passando de 31 para 38. Mas foram aquelas com menos de 500 mil pessoas as cidades que mais cresceram.

Pelo mapa demográfico do Brasil desenhado pelo IBGE, o Brasil "apresenta alguns eixos de crescimento espalhados pelas diversas regiões". São configurações que surgem de "atividades econômicas complexas que articulam atividades agrícola e industrial diversificadas, com infraestruturas sofisticadas para produção, armazenagem, distribuição e circulação de produtos e serviços". De um modo geral - articulam os técnicos do IBGE - "seriam aglomerações urbanas, áreas de agricultura moderna e de expansão agrícola e exploração mineral, centros urbanos isolados, entre outras formas".

A cartografia do IBGE, por fim, apresenta um país mais equilibrado espacialmente, traduz o avanço econômico do país ao longo da última década e parece apontar para o futuro do qual sempre se falou como o destino manifesto do Brasil. Uma boa nova, prova de que o país é resistente ao fisiologismo e patrimonialismo que tomou conta da mentalidade de uma boa parte de sua classe dirigente.

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