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Mortes de gestantes e puérperas por Covid-19 triplica em 2021

15/12/2021

As estatísticas mostram que a taxa de mortalidade materna deste ano tem a marca da desigualdade social e racial.

Escrito por: SEESP

 

O Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), mantido pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), confirmou que pelo menos 1.445 mães tiveram óbitos pelo Coronavírus registrados até o dia 20 de outubro, enquanto em 2020 foram 460 mortes. A taxa de mortalidade materna que já era alta, disparou de 6,7% em 2020 para 12,6% neste ano.

 

Esses números expõem os maiores perigos pelos quais essas mulheres passam na gestação ou após o parto. Apesar de estarem incluídas no grupo de risco para o Coronavírus desde o ano passado, a falta de acesso à saúde, a superlotação dos hospitais, a disseminação da variante Delta e a escassez de testes podem ter agravado essa situação.

 

Quando comparados os dados com a população em geral, verifica-se que o aumento foi muito maior. “Em 2021, houve predominância da variante Delta, o que pode ter agravado uma situação em que as gestantes possam ter sido mais propensas a complicações do que a população em geral”, explica a professora de Medicina da USP e uma das criadoras do OOBr, Rossana Pulcineli Vieira Francisco.

 

Mas para a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo, Elaine Leoni, os números também mostram o descaso com que as mulheres são tratadas. “Mesmo as enfermeiras, que foram afastadas do trabalho presencial durante a pandemia, por força de lei, encontraram dificuldade para continuar em casa durante a gravidez, muitas empresas pressionaram para a volta ao trabalho presencial. Agora, imaginem as mulheres que dependem do seu trabalho para sustentar a família, como elas conseguiriam se resguardar em casa? Muitas, sem apoio nem do auxilio emergencial que foi reduzido de R$ 600 para R$ 300 e milhares delas deixaram de receber, como sustentariam suas casas”, reflete Elaine.

 

Os números também mostram que uma em cada cinco gestantes e puérperas mortas não foi internada em UTIs. Além disso, uma em cada três não teve intubação orotraqueal. A médica Rossana Pulcineli pondera, contudo, que não é possível saber se havia leitos disponíveis ou se faltou acesso a esses serviços.

 

Desigualdade social e racial

 

As estatísticas do OOBr mostram que a taxa de mortalidade materna deste ano tem a marca da desigualdade social e racial. Entre negras ficou em 17,2%, com 94 óbitos em 548 casos. Em seguida, vêm as indígenas, com 14,9%: foram 7 mortes em 47 infectadas. Depois, é a vez das pardas (13,5%), com 662 vidas perdidas em 4.917 diagnósticos.

 

Esses três grupos estão acima da média anual, contabilizando 11.508 contaminações entre grávidas e puérperas, chegando a uma taxa de mortalidade materna de 12,6%. Já em 2020, essa taxa, era quase a metade, quando 6,7% dos casos terminaram em óbito.

 

Com 43 mortes, as negras também tiveram a maior taxa de mortalidade materna no ano passado, que representou 12,1% em meio a 356 casos confirmados. Já entre as mulheres amarelas — descendentes de japoneses, chineses, taiwaneses e coreanos, entre outros —, o valor foi de 9,8%, com seis mortes em 61 infectadas. O número cai para 7,3% em relação às pardas, que registraram 237 óbitos em 3.233 diagnósticos.

 

Dados como esses mostram que a Covid-19 impacta grupos sociais e étnicos de forma diferente. O motivo: desigualdade socioeconômica, relacionada ao acesso aos serviços de saúde, a vacina a morar longe de hospitais. A população mais vulnerável corre mais risco de óbito por Covid.

 

Subnotificação

 

O número de mortes pode ser ainda maior. A OOBr extraiu as informações do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), gerido pelo Ministério da Saúde. Dentro dele, pesquisadores do observatório filtraram dados que se referiam exclusivamente a grávidas e mulheres no pós-parto, de 10 a 55 anos, período que contempla a idade fértil. Ocorre que nem todo caso de Covid é marcado como tal no Sistema, pode entrar apenas com a identificação de Sindrome Aguda Grave (SRAG).

 

A subnotificação também passa por casos diagnosticados de Covid-19 que demoram a entrar no Sivep-Gripe. Segundo o painel do OOBr, São Paulo, que leva 8,64 dias, em média, para notificar uma contaminação em grávidas e puérperas já chegou a gastar 459 dias — isto é, um ano, três meses e quatro dias — para isso. Acre e Alagoas, por exemplo, já alcançaram um tempo máximo de 453 e 445 dias, respectivamente, para informar um caso positivo.

 

 

 

Fonte: https://bit.ly/3EYBEPC

 

 

 

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